quinta-feira, 19 de maio de 2011

A Doença do Amor!

Fonte: http://www.imagensporfavor.com/
"Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?"


Como retrata Luís Vaz de Camões no poema acima, o Amor é o Equilíbrio entre o Bem e o Mal, o Bom e o Ruim, o Doce e o Amargo, o Quente e o Frio, a Felicidade e o Sofrimento, a Saúde e a Doença...EQUILÍBRIO!

Quando esse equilíbrio se quebra, o Amor deixa de ser um lindo sentimento e passa a ser uma terrível patologia, seja pela falta de Amor ou pelo seu excesso, na verdade tem a ver com a qualidade do Amor.

As vezes eu escuto as pessoas dizerem que preferem pecar pelo excesso do que pela falta zelo. Talvez dos males esse seja o menor, mais ainda assim é um mal, rs.

Neste texto pretendo refletir sobre o excesso de Amor, sobre a falta de equilíbrio que leva as pessoas a uma obsessão pelo ser amado, seja ele um filho(a), namorado(a)/marido(a), trabalho(a), animal de estimação...

O Amor Patológico é como um vício, a pessoa que o sente perde o controle da situação e quando percebe já está totalmente dependente do "objeto" de amor. Deixa de viver a própria vida para viver a do outro; torna o trabalho a própria vida. Então, o que antes era apenas um excesso de zelo passa a ser uma obsessão e inicia-se uma verdadeira maratona em defender, cuidar, verificar, acompanhar, guardar, manter... Chegando a sufocar o outro, a trocar a família pelo trabalho, a não sair de casa para não deixar o animal de estimação sozinho.

No início o chefe acha ótimo o comprometimento da pessoa pelo trabalho; o filho fica feliz por ver a mãe realizando todos as suas necessidade e os seus desejos; o(a) namorado(a) fica encantado com tanto amor... Mas, com o tempo, o amor é tão sem controle que a pessoa doente passa a viver fora da realidade, começa a imaginar demais, na insegurança de perder o "objeto" amado, a pessoa começa a ver "coisas" onde não existem. A mãe passa a prender o filho em casa porque a rua esta muito violenta; a mulher passa a seguir o marido dia e noite para verificar se ele não tem outra; o trabalhador passa esconder documentos, não divide conhecimento com medo de ser passado para trás.

Quando a pessoa que ama patologicamente percebe que o "objeto" amado está prestes a partir ou já partiu, a "loucura" aumenta, chegando, em alguns casos, a conseqüências drásticas, a pessoa acaba preferindo "acabar" com o "objeto" de amor, do que ficar sem ele. É só ler um jornal, assistir a TV, o tempo todo vemos uma história de amor que acabou em tragédia.

Qualquer um de nós podemos viver um amor patológico, mas ele costuma acometer aqueles mais inseguros, com pouca auto-confiança e baixa auto-estima, que viveram histórias onde o amor sempre foi um "problema", que tiveram maus exemplos, que já sofreram por amor. Mas, se vocês perceberem estar vivendo isso, saibam que esse tipo de Amor tem cura, através de grupos de apoio e psicoterapia, não deixem de pedir ajuda profissional, porque como no vício das drogas é difícil sair dessa sozinho.