domingo, 17 de abril de 2011

Ligações Perigosas e Outras nem Tanto

Fonte: http://www.ciesma.com.br/
Bom, não é novidade para os amigos leitores e seguidores desse blog, que eu adoro Maria Helena Matarazzo com sua forma peculiar e sábia de falar sobre os Relacionamentos Amorosos. Neste post  quero dividir com vocês trechos de um capítulo do livro Amar é Preciso que fala de quatro formas de ligação amorosa no casamento, segundo Gilda Montoro (1987).

A Simbiose - um vínculo é chamado de simbiótico quando uma pessoa vive em função da outra. Você é tudo para mim e eu sou tudo para você. Forma-se aí uma totalidade, na qual existe um alto grau de trocas, e o nós predomina sobre o eu de cada um. As fronteiras do eu - onde eu começo e onde você acaba - não são muito claras. Há uma dissolução de um no outro. Se vivemos só em função do outro é como se o resto do mundo não existisse. O outro me preenche totalmente. Por isso, os terapeuta consideram esses vínculos simbióticos como doentios. Atualmente, as opiniões vêm mudando e muitos já não acreditam que a simbiose seja necessariamente patológica. São ligações raras, em que um alimenta o outro e os dois se sentem plenamente preenchidos.

Egoístas e Generosos - no amor, existem os que dão e os que tomam, pessoas que dão mais do que recebem e outras que recebem mais do que dão. Essas pessoas formam vínculos complementares. Uma precisa nutrir e alimentar o outro, porque assim se sente forte. E acaba encontrando alguém que viva esse papel complementar. Nessa relação, um dos dois é parasita. Está sempre sugando, mas nunca se sente totalmente feliz porque o que recebe é sempre visto como pouco. O outro comporta-se como um hospedeiro. Muitas vezes é o medo da rejeição e do abandono que motiva alguém se fixar no papel de provedor. Ou então essa pessoa precisa se sentir superior, forte e doadora para compensar sentimentos de inferioridade. Nesse caso, a manutenção ou o pseudocrescimento e desenvolvimento do parasitado, que, com o passar dos anos, pode vir a sentir, esgotado. Esse tipo de vínculo é muito comum.

O Esvaziamento Mútuo - aqui, os dois passam fome. São relações entre pessoas muito carentes, com uma história de privações emocionais, que esperam que o outro seja capaz de satisfazê-las, nutri-las e compensá-las por todas as suas perdas. A pessoa carente tem expectativas muito altas sobre o que o outro possa lhe dar e isso leva a uma extrema dependência. Eu tenho enormes vazios dentro de mim e escolho você como o meu salvador, alguém que vai compensar todos os danos que a vida me causou. Assim, espero que você ponha o alimento na minha boca sem que eu precise plantar e colher. As pessoas com carências graves têm normalmente uma auto-imagem muito negativa, julgam-se incapazes de mudar ou de fazer as coisas serem diferentes. Tendem a se decepcionar facilmente com tudo e com todos. Projetam no outro a intenção consciente de não querer satisfazê-las. Em consequência, alimentam fortes sentimentos de raiva, tão grandes quanto os que tiveram na infância ao não serem atendidas em suas fomes. Revidam, então, na mesma moeda: "Já que você não me dá o que quero, não vou também te satisfazer". Esse círculo vicioso de ressentimentos acaba contaminando a relação e provocando sentimentos ambivalentes, em que amor e ódio estão sempre entremeados.

Crescimento a Dois - nos embates da vida, desenvolvemos ora um, ora outros dos diferentes componentes da nossa personalidade - o emocional, o intelectual, o físico, o sexual, o espiritual. O resultado é que sempre sobra um lado capenga. Dificilmente eles passam despercebidos numa relação. Os desafios da vida cotidiana os expõem. Nossos parceiros em geral sofrem junto conosco os efeitos de nossos lados capengas. E podem nos ajudar a enfrentá-los. Também somos espectadores previlegiados das "capenguices" dos nossos amantes. Podemos usá-las contra ou a favor da relação. Mas se os dois se realimentam na vida. Um alimenta o outro e os dois se realimentam na vida. Aprendem um com o outro, enfrentando o desafio constante que existe em todo casamento.

E aí, identificou sua forma de ligação amorosa? Comente! Até mais!

Referência
MATARAZZO, M. H. Amar é Preciso: os caminhos para a vida a dois. São Paulo: Editora Gente, 1992.